Marcos 11:12-14,20-26

“O primeiro Adão foi para a figueira procurando folhas, mas o último Adão procura figos. Ele perscruta totalmente o nosso caráter, para ver se há alguma fé genuína, algum amor verdadeiro, alguma esperança viva, algum gozo que seja fruto do Espírito Santo, alguma paciência alguma abnegação, algum fervor na oração, algum andar com Deus, alguma habitação do Espírito Santo

C.H. Spurgeon

 

O texto de em consideração apresenta Jesus mais uma vez controlando a natureza. Ele tem fome e procura frutos em uma figueira, como não encontra, a amaldiçoa. Isso causa admiração nos discípulos.

Uma das figuras que representam o povo de Deus, a nação de Israel, no Antigo testamento, é a figueira. Assim, Jesus usa a figueira que encontrou no meio do caminho e a amaldiçoou para dizer que Israel, assim como a figueira, estava sem frutos, sem figos para Deus. E isso era um grande problema. Usando esse fato Jesus traz grandes ensinos aos discípulos que podem ser resumidos em três palavras. Vejamos quais são:

O FRACASSO. (Marcos 11:12-14)

Jesus está em Jerusalém e depois de ser recebido como Rei vai ao templo, mas como está tarde, vai para Betânia com os seus discípulos. No dia seguinte, voltando de Betânia para o templo, encontra uma figueira e a amaldiçoa. Usa o seu poder na natureza.

Jesus está com fome e observa que uma figueira tem folhas. As figueiras que tinham folhas, nessa estação do ano, deveriam ter os primeiros frutos de outros que ainda viriam. E quando Jesus procura entre as folhas, não encontra os figos. Então a amaldiçoa e ela seca desde a raiz. Precisamos entender o motivo pelo qual Jesus amaldiçoa figueira. Ela está usando esse fato como uma ilustração. Ele vai ensinar sobre o fracasso nesta história.

 A figueira, na história bíblica, representa Israel e Deus sempre esperou frutos verdadeiros do seu povo. O fruto da dependência, fruto do amor, o fruto da fé, o fruto da fidelidade. E muitas vezes não achou. Jesus ao ver uma figueira e com fome não encontrar nela o fruto, a amaldiçoou. Mostrando que, assim como aquela figueira fracassou em não ter fruto, Israel também tinha fracassado em não produzir fruto para Deus..

O fracasso em ter aparência, mas não ter essência. A figueira tinha folhas, mas não tinha frutos. Israel tinha atos religiosos externos, mas não tinha frutos internos. Israel era o povo de Deus. O povo da religião. O povo da espiritualidade. O povo do culto. O povo do templo. Eles tinham as folhas que chamavam a atenção, mas não tinham fruto. Israel tinha aparência, mas não essência. Não tinha fruto para Jesus.  

Jesus ainda continua procurando frutos, mas agora em nós. Jesus está com fome de fruto em nós. Fruto do amor, da paz, do domínio próprio, do perdão. 

O fracasso leva à improdutividade.  “Então disse à figueira: — Que nunca mais ninguém coma das suas frutas!”. 

O fracasso leva à inexistência. Tudo o que tem aparência e não tem essência, acaba. A figueira secou desde a raiz. Mateus diz que ela secou depressa, causando admiração aos discípulos. A Palavra de Jesus fez com que o que era aparente, acabasse. A exterioridade pode durar um tempo, mas quando é descoberta gera morte.

Jesus só amaldiçoou o que estava amaldiçoado. A figueira já era estéril. Ele só evidenciou isso. Ao deixar a figueira, Jesus vai para o templo e lá mostra a corrupção de Israel no templo. O que era para ser uma Casa de Oração, se tornou um lugar de ladrões. Agora não é mais uma ilustração, Jesus mostra como Israel estava: sem fruto.

A FÉ. (Marcos 11:20-26)

No outro dia, depois de passar pelo templo, Jesus e os discípulos encontraram a figueira seca. Pedro lembra que a figueira tinha sido amaldiçoada por Jesus. Usando a história, Jesus traz outro ensino aos discípulos. Agora ele vai falar sobre fé.

Tenham fé em Deus. Primeiro, fé não é fé na fé. Às vezes podemos achar que se tivermos confiança na nossa fé, ou pensamento positivo, vamos receber coisas extraordinários. Segundo, não é fé em pessoas, seja nós ou outra pessoa. O que Jesus diz aos seus discípulos é que eles deveriam ter fé em Deus que pode ser definida em duas palavras: confiança e dependência.

Fé para vencer os problemas do caminho. Dizer ao monte não é literal, mas é uma demonstração que devemos ter fé para remover as montanhas que atrapalham a nossa vida. Para os judeus montanha significa algo forte e inalterado, um problema no meio do caminho.

Fé que vence a dúvida. Não podemos duvidar. A dúvida é a parede que nos separa da nossa bênção. “Nada que esteja em harmonia com a vontade de Deus é impossível de ser realizado por aqueles que creem e não duvidam” Willian Hendricksen

A ORAÇÃO. (Marcos 11:20-26)

Quem tem fé ora e pede a Deus sobre todas as áreas da vida. Jesus ensina que tudo deve ser feito em oração. Não há nenhuma área da nossa vida que deve deixar de ser coberta pela oração. Orar crendo que já recebeu. Crer que já recebeu não é otimismo, mas fé. É certeza em Deus. É orar crendo que já recebeu aquilo pelo que se pediu.

Jesus termina essa parte do ensino sobre oração falando sobre perdão. Ele diz que enquanto estivermos orando e nos lembrarmos de alguém que nos tenha ofendido, devemos perdoar essa pessoa diante de Deus. Quando mais nos aproximamos de Deus, ficamos mais parecidos com Ele. Sabemos que Deus é um Deus de perdão.

Jesus conclui dizendo que nós também ofendemos pessoas e também ofendemos a Deus. E que nós precisamos pedir perdão a ele pelas ofensas que praticamos. Nesse contexto, principalmente pelo fracasso da aparência. 

Apenas no Evangelho que não vivemos de aparência e produzimos frutos no chão da vida.

Flávio Santos