O PECADO E A OBRA DA TRINDADE EM SUA ECONOMIA GRACIOSA.

17:02Apenas Evangelho


por Flávio Santos

Na identificação da origem do pecado, primeiro é necessário dizer que o pecado não teve sua origem em Deus, pois seria uma blasfêmia considerá-Lo seu Autor. Deus tem o seu caráter e atitudes santas e com isso não pode ser o autor do pecado. É claro que o decreto de Deus permitiu a entrada dele no mundo, mas não O faz  seu autor responsável, e isso é confirmado a priori pela palavra de Deus[1]. Segundo, não podemos definir o pecado como eterno, ou seja, que o pecado sempre existiu independente de Deus, e que esse, luta dualisticamente contra Deus numa batalha cósmica entre bem e mal em termos de igualdade, isso faria de Deus um ser finito.
A Palavra de Deus[2] demonstra que o pecado teve sua origem no mundo angélico, não que Deus tenha criado seres moralmente decaídos, pelo contrário, todos os anjos eram seres bons, mas eram moralmente livres e usaram desta liberdade para se apartar de Deus e pecar. Mas é preciso deixar claro que nada foi feito fora da Soberania de Deus. Na raça humana, o pecado teve sua origem no ato livre de Adão, levado a esse fim pela influência de satanás. Adão, então, transgride a lei de Deus, peca livremente e começa a enfrentar conseqüências universais de seus atos. Dentre as conseqüências do pecado de Adão destacam-se duas, são elas, a contaminação permanente de sua natureza e a culpa pelo seu pecado, que foram passadas às gerações posteriores pela solidariedade da raça no pecado de Adão, pois este era o representante federal da raça humana, ou seja, era o chefe da raça, isso deu origem então, ao pecado original, que teologicamente não é o primeiro pecado, mas sim as suas conseqüências. Por isso o pecado de Adão tornou-se o pecado de todos[3].
Vê-se então, diante disso, a necessidade da culpa do pecado ser removida por Deus, para trazer o homem novamente à comunhão com o Pai. Esse processo pode ser chamado de “Obra da Economia da Graça”. É claro que a queda do homem não surpreendeu a Deus, pois o mesmo decreto que permitiu a entrada do pecado no mundo, continha também a aliança de redenção dos seres humanos, a chamada aliança da redenção e graça[4].
A Culpa do pecado que afetou a humanidade, tornando-a caída, foi retirada eficientemente pelo poder da morte de Jesus na cruz e sua posterior ressurreição dentre os mortos, trazendo o perdão e a justificação[5]. Como somente a culpa foi retirada a natureza pecaminosa permanece na essência do homem, que só será retirada quando ocorrer a glorificação do corpo na era vindoura. Vê-se então que permanecendo essa natureza pecaminosa, o ser humano comete pecados por essa inclinação verdadeira e real ao erro, e esses pecados que ainda o ser humano comete, são conhecidos como as obras da carne e podem ser vencidos e desarraigados pela santificação operada pelo Espírito Santo, ou seja, andando no Espírito e não satisfazendo os desejos da carne[6]. Neste sentido para se viver uma vida em comunhão com o Pai, “a culpa do pecado” deve ser removido por Cristo pelo poder da Cruz, “as obras da carne” retiradas diariamente por um viver na plenitude do Espírito. Isto resulta certeza de salvação, pecados perdoados e uma vida santa na presença do Pai. 
Por fim, devemos tributar a Deus todo louvor e honra por esses benefícios que foram graciosamente dados a nós pela Trindade em Sua economia graciosa.



[1] Jó 34.10; Is 6.3; Tg 1,13.
[2] Jo 8.44; 1Jo 3.8.
[3] Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Rm 5,12.
[4] Aliança da redenção: é o protótipo da aliança da graça, aquela é eterna, isto é, oriunda da eternidade, e esta é temporal, no sentido de que se concretiza do tempo. Aquela consiste num pacto entre o Paio e o filho, como fiador e chefe dos eleitos, enquanto esta consiste num pacto entre o Deus trino e o pecador eleito no Fiador. – Berkhof, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. pg251
[5] Rm 5.18,19;
[6] Gl 5.16-26.

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