DEUS “É”.

15:11Apenas Evangelho



Por Flávio Santos

   A questão sobre a existência de Deus, na teologia, é de suma importância, pois, todos os pressupostos teológicos somente terão valor se Deus existir. Na perspectiva da vida cristã, existe a mesma relação, a vida cristã só é verdadeira se existir um Deus, que mesmo sendo o “Totalmente Outro”, habita com os contritos de coração. Na questão apologética isso não é diferente, pois a defesa da fé só se faz necessária se a fé tiver como chão a existência de Deus.


   Para todo cristão ou teólogo, do ponto de vista fenomenológico, Deus existe. Se abrirmos qualquer livro devocional, apologético ou dogmático, a pressuposição básica é que Deus existe. E todos estes livros, de maneira simplista, apologética ou teológica, com vários argumentos tentarão de alguma forma persuadir o leitor a acreditar que Deus existe. 

     Agora, em detrimento a tudo que foi dito acima, se afirmasse  que “Deus não existe”, com certeza, causaria muitas controvérsias teológicas e práticas. Mas, mesmo assim, afirmo que Deus não existe, mas “É”. Isso se dá pelo fato de que tudo que existe tem começo, meio e fim e, Deus não se enquadra neste perfil, posto que não é um ser finito. Tudo que existe também tem que ser criado e, Deus não foi criado, mas é Criador de todas as coisas. Tudo que existe está preso no espaço e no tempo com todas as suas contingências e, Deus é para além de tudo isso. A melhor maneira de se falar sobre Deus é que Ele É.


     Ora, para a teologia e apologética sobreviverem, faz-se necessário, evidenciar por argumentos ontológicos, cosmológicos, teleológicos, morais ou históricos que Deus existe. Mas o argumento principal, também utilizado pela teologia, é o bíblico, pois toda a bíblia mostra um Deus que existe e se revela aos que têm fé para conhecê-lo; “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” Hb 11. 6.


     É claro que minha afirmação de que Deus não existe, não é a mesma de um ateu teórico, que não tem fé para acreditar em um Deus que se revela. A minha afirmação tem como objetivo despir-nos de toda presunção de tentar explicar Deus somente pelas vias teológicas, filosóficas ou de qualquer forma de sabedoria humana, e nos esquecer de nos relacionar com Ele, que se revelou a nós de forma tão graciosa. Digo isto, também, porque Paulo disse: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.”. 


     Ora, esse Deus que “É”, ou, como disse a Moisés, Eu Sou o que Sou ou Serei o que Serei, não cabe em nenhuma caixa teológica ou apologética com todas as suas sistematizações. Mas, é claro, como um estudante de teologia, faço uso de seus recursos para apresentar de forma "sistematizada", aquilo que está revelado, “apenas revelado” em Sua Palavra.


    Isto posto, o Deus que É, se revela de pelo menos duas formas: a primeira é a Revelação Geral, esta se dá pelas coisas criadas, e podemos ver isto na Palavra de Deus, “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rm 1 .19, 20. 


     A segunda, é a revelação especial, que se dá na Pessoa de Jesus Cristo, “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” Hb 1. 1, 2. Deus falou “no” Filho, como a revelação final de Deus para os homens, ou seja, não há outra maneira de conhecer a revelação de Deus senão no Filho, pois quem vê o Filho vê o Pai. 


      A revelação especial também se dá por meio da Palavra de Deus, “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” 2 Tm 3. 16. Neste sentido, podemos conhecer a Deus em sua revelação na Escritura, como nossa única regra de fé e prática. A Revelação geral pode ser vista por todos, mas a Revelação especial, somente por aqueles que têm fé em Deus que se revela ao homem.


    Se não acreditarmos pela fé na revelação de Deus, principalmente em Sua Palavra Encarnada, O Verbo e, em sua Palavra escrita, estaremos condenados a criarmos um Deus à nossa imagem e semelhança com todas as nuances de seres pecadores e caídos que somos, e, também, estaremos presos à confusão e conjecturas na tentativa de provar a existência de Deus por argumentos produzidos pela mente de um pecador. O Deus que “É” nos humilha ao ponto de somente querermos viver pela fé, em um relacionamento de entrega e fidelidade a Ele, sem conjecturas a fazer e explicações a dar.




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