"NADA INÉDITO, PORÉM, TUDO NOVO".

10:32Apenas Evangelho

Amados, não vos escrevo mandamento novo, senão mandamento antigo, o qual, desde o princípio, tivestes. Esse mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Contudo, o mandamento que vos escrevo é novo, verdadeiro em Cristo e em vós, pois as trevas vão passando e já  brilha a verdadeira luz.
I João 2:7-8








por Sandro VS

Para os mais apercebidos o título deste post é a descrição deste blog e fica abaixo do nome APENAS EVANGELHO e o versículo citado acima também é o que resume o conteúdo do blog e fica do lado direito deste. 

Fui questionado sobre o significado desta descrição e também sobre o porquê deste versículo ser o que resume a intenção deste blog, isto também porque adotei esta descrição para quase tudo que faço com respeito ao Evangelho. 

Quero começar dizendo que ela não é criação minha, mas nasceu de uma das frases soltas que ouvi do meu amigo Flávio Santos na cozinha de sua casa durante um saudoso café da tarde. 

Vejo esta expressão como resumo deste versículo que João escreveu, por volta do ano 100 d.C., em uma de suas cartas. Neste período a igreja começava a enfrentar muitas perseguições e a sofrer muito por isto e a maioria dos cristãos eram de segunda ou de até terceira geração de cristãos, portanto, distantes do ânimo que tomava conta dos primeiros cristãos. Isso tornou o cristianismo para muitos destes um hábito ou uma religião como outra qualquer. 

Mas mesmo neste contexto, o que João propõe nesta epístola não é uma consolação para aplacar uma perseguição com seu sofrimento e sim um alerta contra uma sedução que estava conquistando e envolvendo os irmãos, de maneira que, para João, o perigo não era a perseguição que ameaçava ao redor, mas sim um encanto que surgia de dentro. 

No mundo grego havia uma tendência em constante desenvolvimento, um pensamento que se chamava gnosticismo. A crença básica de todo pensamento gnóstico é que só o espírito é bom, e que a matéria é essencialmente má e sendo assim o gnosticismo inevitavelmente despreza o mundo, porque o mundo é matéria, e assim sendo todas as coisas criadas do mundo são naturalmente más. Em particular o gnosticismo despreza o corpo, pois o corpo é matéria, portanto é mal. Prisioneiro dentro do corpo está o espírito, a razão humana que, nesta filosofia, é o próprio espírito, como uma semente, uma emanação de Deus inteiramente bom. O propósito da vida de todo o gnóstico é libertar essa semente celestial prisioneira na maldade do corpo e isso só é possível mediante um complicado e secreto conhecimento que só a gnosis pode ministrar. 

João, nesta carta, procura refutar os ensinamentos propostos pelo gnosticismo e faz isto estabelecendo os fundamentos do Evangelho. Mostrando então um pensamento progressivo, começa salientando que tudo o que Jesus foi, disse e fez anunciou uma só coisa: 

Deus é luz e sendo luz Nele não habita treva alguma. 

Depois passa a dizer que aquele que conhece a luz não anda mais em trevas, por isso a confissão que esta luz produz é a verdade, ou seja, que todos são pecadores. De maneira que a confissão que a verdade opera no cristão é contraditória àquilo que a verdade declara ser, pois, no ponto de vista da lógica aquele que encontra a verdade deveria dizer “não peco mais”, pois a verdade declara a si mesma como a cura para o pecado, mas no Evangelho, estranhamente, o que confirma a operacionalidade da verdade é exatamente o oposto, ou seja, a confissão de que se é pecador. Assim a segurança que João propõe ao cristão quando escreve "... se alguém pecar temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" não é apenas a segurança de alcançar perdão por assumir os pecados cometidos, mas sim alcançar perdão ao se assumir como o pecador que se é, portanto, arrependimento no Evangelho não é confessar a Deus os pecados que cometo, mas sim, em Cristo, assumir e confessar o pecador que sou. 

João então passa a descrever como isto se aplica na existência, ou seja, só conhece Deus, que é a luz, aquele que segue esta verdade como mandamento. Deve-se entender que quando João fala de mandamentos ele tem em mente as palavras de Jesus quando disse que a lei e os profetas se resumem em duas coisas: "Amar a Deus acima de todas as coisas e amar ao próximo como se ama a si mesmo", portanto o mandamento é o amor, de maneira que aquele que odeia não conhece a Deus e nem O pode conhecer. 

Então chegamos ao versículo chave onde João salienta que este mandamento não é novo, mas antigo, portanto é a vontade de Deus desde o princípio. A Lei sempre intencionou que o homem andasse em amor mostrando-lhe tal caminho, mas por causa do pecado que habita o homem isto não foi possível à Lei, pois este, por mais que cumprisse os mandamentos por temer seus castigos, não deixava de desejar o mal e assim estava impossibilitado de amar. 

Contudo este mandamento é novo porque em Cristo se tornou real, ou seja, a lei, mesmo apontando o caminho do amor, não possuía o poder de concretizar este caminho e isto devido ao pecado do homem, mas em Cristo a lei foi cumprida e a graça manifesta, de maneira que o coração empedrado pelo pecado é agora substituído por um coração de carne, totalmente submisso a Deus em Cristo, assim o mandamento tornou-se novo porque em Cristo há como vivê-lo em sua plenitude, isto é, uma nova experiência existencial só sentida em Cristo e estendida a outros nesta nova vida Nele. 

Por isso João diz que quem ama seu irmão permanece na luz, ou seja, em Cristo e, assim sendo, a vida em Cristo ou na luz nada mais é que seguir o mandamento, isto é, vida em amor e quem odeia não está na luz, mas sim em trevas, pois a luz manifestou o amor e mandou que todos se amassem. O Evangelho é a verdade sobre a vida porque só existe vida quando o amor de Deus revelado em Jesus se torna caminho, assim a vida na luz é vida em amor. 

O cristão é aquele em quem o mandamento do amor feito por Cristo torna-se mais real diariamente, pois viver o EVANGELHO é progredir em amor. 

Assim sendo, neste blog, não anunciamos nada inédito, pois anunciamos a vontade de Deus desde o princípio, porém tudo o que anunciamos é novo, pois em Cristo se tornou possível. 

Em Cristo é possível conhecer e permanecer na luz, ou seja, em Deus, também é possível vencer o mal que habita em nós, pois aquele que se aproxima da luz logo percebe o quão perdidamente pecador é, e a verdade, que agora este conhece, o faz confessar-se como pecador e não como quem apenas pratica o pecado e é só assim que este recebe como GRAÇA o mérito Daquele que nunca pecou e, por fim, também é possível viver Justificado e apresentar-se perante Deus, inocentado pela justiça de Cristo para então começar a desfrutar de uma nova vida em amor, pacificada com Deus, consigo mesmo e com o seu irmão. 

Isto é APENAS EVANGELHO... 

Soli Deo Glória!

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