Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, de repente, uma luz resplandecente, vinda do céu, o cercou. E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? O Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem persegues, mas levanta-te e entra na cidade; lá te será dito o que precisas fazer. Os homens que viajavam com ele, ouvindo a voz, caíram emudecidos, mas não viram ninguém. Saulo levantou-se do chão e, abrindo os olhos, não enxergava coisa alguma e então, guiado pela mão, foi conduzido a Damasco. Atos 9:3-8
por Sandro VS
A parte da biografia do apóstolo Paulo que compreende sua vida antes da conversão nos descreve um homem esclarecido, pois aprendeu tudo que sabia acerca da religião de Deus aos pés dos maiores de sua época, mas, não obstante a essa grande erudição, o ainda denominado Saulo, estava espiritualmente cego e não compreendia o que o Antigo Testamento ensinava, de fato, sobre o Messias.
Essa cegueira o fazia ver apenas uma glória que já havia se dissipado, uma vez que, segundo ele mesmo escrevendo aos coríntios, diz que da maneira que Moisés colocava um véu sobre o rosto para que o povo não percebesse que o brilho se desvanecia, todas as vezes que a antiga aliança era lida havia um véu sobre os corações dos ouvintes. (II Cor. 3:12-18)
A conversão desse homem, um dos principais perseguidores dos cristãos, foi, possivelmente, um dos maiores acontecimentos da história da igreja depois da descida do Espírito no dia de pentecostes e aconteceu de uma maneira peculiar.
Saulo devastou igrejas no território Judeu e não demorou muito para obter permissão do sumo sacerdote para perseguir a igreja Damasco. Isso não foi por acaso, pois se pôde contar com a autorização do supremo concílio, entendemos que em Damasco já existia uma considerável concentração de cristãos e isso mostra como a mensagem do Evangelho era eficaz. Possivelmente os cristãos de Damasco eram fugitivos da perseguição que ele empreendeu em Jerusalém, o que explica melhor por que Saulo desejava uma permissão especial extradita-los.
Nessa diligência ele supunha possuir tudo o que precisava para cumprir sua missão, isto é, os mandatos de busca, a escolta, o zelo irrepreensível pela lei e a autodesignação de defensor da honra de Deus, mas, nem de longe, percebeu que faltava o principal, ou seja, enxergar o que estava prestes a acontecer.
Ao meio dia, em plena luz, foi cercado por um clarão que enfim deu a ele visão!
Essa iluminação cegou seus olhos para que, finalmente, pudesse enxergar, isto é, evidenciou que toda a cegueira proveniente do seu pecado e da sua interpretação equivocada da lei, foi extinguida de uma vez para que pudesse ver toda a luz do Cristo ressurreto afinal.
Antes do encontro com Jesus toda a nossa visão está em trevas e, portanto, não enxerga nada que não seja nossa justiça própria que, na melhor das performances, se apresenta como zelo pela causa de Deus, mas na queda do encontro com verdadeira luz essas trevas são dissipadas para então enxergarmos.
Sendo assim, para que se descortine toda a ilusão de um ponto de vista comprometido pelas trevas que nos envolviam, essa luz primeiro nos cega, ou seja, o Cristo veio para que os que não veem vejam, e para que os que veem se tornem cegos. (Jo. 9:39)
É APENAS no EVANGELHO que somos encontrados pela luz que cegará as trevas que insistiam nos envolver.
Soli Deo Glória!
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