CRUZ OU ESTACA?

11:12Apenas Evangelho


Portanto, para que eu não me tornasse arrogante, foi-me posto um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar, para que eu não me tornasse arrogante. Pedi ao Senhor três vezes que o tirasse de mim. Mas ele me disse: A minha graça é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de muito boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim.
II Coríntios 12:7-9





por Sandro VS


A Igreja de Corinto parecia um alvo fácil para enganadores, pois na primeira carta, eles mesmos já dão sinais de que se deslumbravam de tal modo com personalidades fortes que, para seguir qualquer um que exercesse certa influência, se dividiam sem razão aparente. 


Se a acusação de Paulo era que eles estavam dividindo Cristo ao escolher a que servo dele se devotar, aqui O estavam abandonando para seguir certos aproveitadores de plantão. Este assunto se inicia no capítulo dez, onde Paulo insiste que nunca chegou aos coríntios para tratar dos seus problemas sem mostrar a bondade e a mansidão de Cristo, isto é, Paulo nunca chegou a eles como quem busca seus direitos ou como quem impõe regras e regulamentos, mas sempre considerou as situações com o amor de Cristo, sempre tratou dos problemas como se Cristo mesmo o tivesse feito. Mas mesmo sendo assim, o que ele vê nos coríntios é um desejo incontrolável por quem se exalta e se impõe, a ponto de desconsiderarem o apóstolo simplesmente porque não possuía uma oratória veemente e uma apresentação pessoal intimidadora. Gostavam daqueles que apresentavam um “curriculum vitae” extenso e recheado de qualidades deslumbrantes. 

Paulo então fala que se os coríntios, com certa fixação, queriam como referência a loucura daqueles que intentavam escravizá-los, devorá-los e avantajar-se sobre eles, ele pode se mostrar mais louco ainda, “orgulhando-se sem hesitar”, da sua louca lista de feitos e prodígios, pois Paulo, mais de uma vez, tinha olhado a morte nos olhos e percebido seu apetite insaciável. 

Aqui Paulo chega ao ápice de sua suposta autoglorificação, pois contra sua vontade, ainda está dando a conhecer suas credenciais. Passa a contar algo que nunca tinha se quer mencionado em outras cartas. Fala de uma visita que foi levado a fazer a certo lugar. 

Nas palavras de William Barclay isso se explica assim: 

“Da maneira mais estranha parece estar fora de si mesmo, observando-se. "Conheço um homem", diz. O homem é ele mesmo, entretanto lhe parece que teve essa surpreendente experiência com uma espécie de objetividade enigmática, como que assombrado ao que ocorreu a ele”

Alguns querem fazer contas de quantos céus existem a partir deste relato e pedem a Deus a mesma experiência, mas o que Paulo parece dizer é que foi envolto por Deus e que chegou a um nível que não poderia mais ultrapassar. Mas o que ninguém quer, nem de longe, é saber da intensidade da dor que isto gerou. A palavra para espinho tem uma tradução mais significativa, seria uma estaca e era usada com referência a criminosos que eram empalados, uma punição que consistia em espetar o condenado em uma estaca, pelo ânus, deixando-o assim até morrer. 

Paulo se sentia assim. 

É claro que numa situação destas quanto menos se agitar melhor, mas para o apóstolo a dor deste suplício era aplacada quando não se orgulhava por ter visto o que foi levado a ver e ouvido o que foi levado a ouvir. Muitas aplicações foram feitas acerca do que significaria esta estaca como, tentações espirituais, oposição e perseguição, tentações carnais ou ainda alguma enfermidade física. Mas, sendo uma ou outra coisa, o que fica evidente era a dureza com que isto afligia Paulo, a ponto, dele pedir a Deus que o tirasse desta situação. 

A resposta parece cruel e sádica, “A minha GRAÇA te é suficiente”

Como assim? 

A dor de Paulo é quase que palpável, tangível e a GRAÇA é totalmente abstrata! 

Mas é neste ponto que vemos o poder desta GRAÇA, pois faz do homem que se considera fraco e é considerado fraco pelos outros, forte. Isto é, se para alguns Paulo era fraco na sua apresentação pessoal e brando na sua oratória, para Deus, era Seu escolhido para padecer pelo Seu nome. 

Portanto o orgulho de Paulo era saber que nada vinha dele, assim não importava o que os outros pensassem sobre ele, mas sim, o que Deus, em Cristo, havia feito nele, mesmo sendo ele tão fraco. 

Não arrisco dizer que Deus não use ainda suas estacas quando seus, “fracos”, escolhidos caem na loucura de orgulhar-se, mas afirmo sem medo de errar que ainda concede ao homem tudo o que é suficiente para fortalecê-lo quando este reconhece sua fraqueza. 

GRAÇA

A CRUZ de onde a GRAÇA emana é o lugar dos fracos, estacas são para os que acham que são mais do que são, portanto mate seu orgulho na CRUZ de CRISTO para que DEUS não tenha que arrancá-lo em uma estaca.


Soli Deo Glória!

Talvez possa Querer Ler Também

2 comentários

Postagens Populares

Formulário de contato