Jesus, em agonia, proclama e prediz a dor que estava prestes a sofrer, mas também recebe um alento dos céus, afirmando e confirmando sua condição de salvador dos homens, pois, no ápice desta dor, isto é, na própria Cruz, seria glorificado não só ao julgar e expulsar o príncipe deste mundo como também ao atrair todos a si. 

O povo de Israel sempre esperou o Messias ou o Cristo, mas esta esperança consistia em que ele viria e os faria reinar novamente sobre as nações, ou seja, esperavam a promessa do Cristo para que este, como um mero instrumento, apenas saciasse a sede de vingança do povo. Assim associá-lo a uma Cruz, que era um instrumento romano de morte, era totalmente inconcebível. 

Jesus mostra o quão equivocados eles estão e por isto os alerta a abrirem o entendimento enquanto a luz que ilumina todo o homem esta entre eles, isto é, a decisão acertada não consiste apenas em confiar a vida e todas as coisas a Jesus, mas também em tomar esta decisão a tempo. 

João então declara que para que cressem Jesus realizou muitos sinais, contudo eles não creram. Para o apostolo isto não era novidade entre seu povo, pois viu em Isaías, quando este vislumbrou a glória de Jesus, uma situação semelhante. Assim, para João, o que o profeta predisse era que o Cristo encontraria a mesma incredulidade entre os seus, mas que agora não haveria mais escapatória para estes. 

Contudo, João também revela outra face da incredulidade do seu povo. 

Ele diz que, entre as autoridades, havia alguns que deixavam transparecer fé em Jesus, mas que não tinham coragem de confessá-la por uma razão muito egocêntrica, ou seja, ser destituído de sua autoridade. Sabiam que qualquer um confessasse Jesus como o Cristo deixaria de aproveitar os privilégios de se exercer preeminência entre o povo. Na sua visão perderiam muito se o confessassem, por isso, em nome de uma causa menor, preferiram lutar contra o óbvio, pois, sabiam que Jesus era o Cristo. 

A incredulidade tem estas “duas caras”. Ou se revela como algo duro e implicante diante do anuncio do Evangelho, ou se mostra receptivo a sua mensagem, mas nunca se rende ao seu chamado. E isto, por amar mais o reconhecimento dos homens, que alimenta a sua autoafirmação, do que amar a glória de Deus que se revela no Filho para arrependimento e renúncia. 

No templo encontramos tanto os que vieram ouvir e ver, mas que deixam claro que vieram irredutíveis, quanto àqueles que contribuem, levantam as mãos e até oram, mas apenas porque não podem negar a informação de que Jesus é o Filho de Deus, todavia, é APENAS no EVANGELHO que encontramos aqueles que creem para a glória de Deus. 

Soli Deo Glória!