DELAÇÃO PREMIADA, UMA COLABORAÇÃO RELIGIOSA.

08:08Apenas Evangelho

Sandro VS

Nos últimos meses uma expressão fez parte dos enunciados de todos os telejornais do nosso país, trata-se do termo “delação premiada”. Segundo a Wikipédia, uma síntese do seu significado é que essa é uma expressão coloquial para colaboração premiada, ou seja, na legislação brasileira é um benefício legal concedido a um réu em uma ação penal que aceite colaborar na investigação criminal ou entregar seus companheiros. 

Na última terça feira, parece que esse procedimento foi utilizado contra o departamento de louvor do cristianismo religioso/evangélico brasileiro e suscitou em seus membros as mais diversas reações. Alguém, querendo ajudar a pessoa em questão e defender a honra de Deus, decidiu delatar, por meio de um áudio, um pecado oculto de uma cantora relevante no meio gospel. Nesse áudio, clandestinamente gravado, o seu autor induz a moça a confessar que faz uso de drogas. 

Mas esse procedimento não é novidade entre a religiosidade. Nesse meio, se promover diante dos homens fazendo uso de tocaias contra o próximo, já teve até um episódio bíblico e com a mesma intenção, isto é, colaborar com a autoridade da religião. 

Porém, este texto mostra como a religião entendia autoridade e misericórdia tão diferente de Jesus.

Para induzir Jesus a um equívoco público os escribas e fariseus se propuseram a montar um cenário. O absurdo da estratégia começa exatamente com uma tocaia, ou seja, se dispuseram a espionar uma mulher que tinha a fama de praticar o adultério sem muito segredo, pois diz à narrativa que a trouxeram após a terem "surpreendido" cometendo adultério, isto é, em flagrante. 

A ideia se resume na pergunta: "Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Na Lei, Moisés nos ordena que tais mulheres sejam apedrejadas. E tu, que dizes"? Qualquer resposta que Jesus desse, contra ou a favor, daria aos religiosos o que pretendiam, ou seja, o descrédito do Cristo diante do povo. 

Isto é, se Jesus decidisse que era necessário apedrejá-la ficaria constrangido ao chamar de amigo qualquer outro pecador. Se Jesus decidisse que era preciso perdoá-la, incitaria o homem a desobedecer a Lei de Moisés e seria acusado de fomentar e permitir pessoas a cometerem adultério. 

Mas Jesus, ao contrario da pecadora, nunca é pego de surpresa”

A resposta de Jesus é surpreendente: "Quem dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela", com isso, partindo dos mais velhos, todos se retiraram por não possuírem este descanso em suas consciências. 

A autoridade da religião serve, e sempre serviu, apenas para punir, mas nunca para ensinar e resgatar o transgressor, pois sabiam do erro da mulher e nunca se preocuparam em ajudá-la, mas, pelo contrário, guardaram o conhecimento sobre seus atos ilícitos para uma ocasião oportuna. 

Jesus estabelece que a autoridade para condenar alguém só pode vir de quem nunca cometeu um ato digno de condenação, mostrando assim, que toda a autoridade pertence a Ele.

A religião nunca julga com misericórdia, pois está limitada a amar os iguais enquanto iguais e, assim, o dia que houver dessemelhança o amor morre junto com o condenado. Jesus revela que no Evangelho a diretriz é a misericórdia daquele que tem toda autoridade para condenar o mundo, mas que, mediante esta autoridade, decidiu amá-los até o fim. 

O que quero dizer é que o caso da cantora é mais um dentre tantos que se repetem todos os dias e em todos os lugares. Ao que parece, infelizmente, essa foi a justificativa que ela encontrou para pecar sem culpa. Mas quero dizer, também, que o hábito de se promover diante dos homens, dando a chance aos carrascos de plantão juntar suas pedras continua o mesmo. 

A Escritura ensina exaustivamente que a onisciência de Deus é a base do seu julgamento sobre à conduta do seu povo e da humanidade. Portanto, Ele não precisa consultar ou receber informações privilegiadas para agir com justiça a favor ou contra quem quer que seja. 

Já escrevi isso em outro post, mas nunca é demais repetir: é APENAS no EVANGELHO que as pedras caem mudas no chão por não suportarem a misericórdia Daquele que pode condenar! 

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