UMA VIDA FLORIDA, MAS SEM FRUTOS REAIS.

21:31Apenas Evangelho


No dia seguinte, depois de saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. Avistando de longe uma figueira com folhas, foi verificar se acharia nela alguma coisa. Aproximando-se, nada achou, senão folhas, pois não era época de figos. Então Jesus disse à figueira: Ninguém jamais coma do teu fruto. E seus discípulos ouviram isso. Marcos 11:12-14


Por Sandro VS

Uma maneira de diferenciar uma árvore da outra é a capacidade de algumas darem frutos. Essa competência faz com que as árvores frutíferas sejam mais procuradas que as demais. 

Mas existe nos Evangelhos um registro curioso sobre uma árvore frutífera que negou seu fruto. Mais especificamente uma figueira infrutífera. 

Embora no Evangelho de Marcos essa história esteja dividida em duas, temos de entendê-la como uma só. A primeira parte ocorreu na manhã de um dia, e a segunda parte na manhã do dia seguinte e entre ambas as partes está registrada a purificação do templo. 

Grosso modo, esta é uma das histórias mais difíceis dos Evangelhos, pois tomando-a literalmente, como se apresenta, constatamos uma dificuldade. Isto porque a história não parece certa. 

Sendo sinceros, todo o ocorrido não parece digno de Jesus, pois temos a certeza de que Jesus nunca usou sua divindade em proveito próprio. No deserto não optou por transformar pedras em pães para satisfazer sua fome por exemplo. Assim nunca empregou em proveito próprio seus privilégios, porém, aqui parece quebrar essa regra, pois utiliza seu poder para secar uma árvore que o tinha decepcionado quando teve fome. 

Portanto, para entendermos essa passagem não podemos perder de vista o que ela aponta. 

Seu objetivo é revelar que tanto a condenação da figueira sem frutos quanto a purificação do templo foram atos simbólicos que ilustraram a triste condição espiritual da nação de Israel. Ignorando seus muitos privilégios e oportunidades, Israel estava externamente sem frutos, simbolizado na figueira, e internamente corrupto, simbolizado na cena do templo. 

Israel havia se tornado um compromisso sem execução, ou seja, não havia desempenhado sua função básica e óbvia. 

Para ilustrar isso, Jesus se vale de uma esperança comum aos palestinos nessa época do ano com respeito as figueiras. Nessa árvore as folhas podem ser consideradas como a promessa do fruto. Diferente da figueira brava de Lucas 19:4, a figueira aqui é um arbusto grande de baixo tamanho, portanto, para alcançar os seus frutos não é necessário muito esforço. Outra característica é que ela não é uma planta de folhas permanentes, mas perde as folhas em meados de novembro e depois seus galhos compridos e espessos, com poucas bifurcações, ficam espetadas no ar. 

Assim quando a folhagem brota novamente em março e isto é um sinal bem conhecido de que o verão se aproxima. Esta figueira tem duas florações e três safras por ano de maneira que os primeiros figos do ano ainda são frutos do outono anterior (novembro), que não tinham chegado a amadurecer, e não caíram com as tempestades do inverno. Eles amadurecem com a chegada da primavera e faz com que as novas folhas brotem no fim de março. Chegam a amadurecer no fim de maio e começo de junho, presos ainda nos galhos antigos. 

Jesus sabia que as épocas regulares de colheita obviamente eram maio e junho e agosto até outubro. Porém, procurava na época da Páscoa os figos do inverno que se podia esperar em uma figueira com muitas folhas. 

Portanto o que se esperava de uma figueira que ostentasse folhas era que oferecesse frutos, mas isso não aconteceu e assim como essa figueira fazia propaganda do que não tinha, e foi condenada por isso, semelhantemente o povo de Israel, que apresentava toda sua história como uma preparação para a vinda do Escolhido de Deus, mas também não concluiu sua missão. 

Em outras palavras, toda a promessa de sua história nacional era que, quando viesse o Escolhido, eles estariam ansiosos por recebê-lo, porém quando veio, contradisseram tragicamente toda a promessa de sua história, em lugar de cumpri-la. 

Não são poucos os textos do Novo Testamento em que o homem que professa sua fé em Cristo é identificado pelos seus frutos. De maneira que, segundo o Evangelho, o cristão só pode ser conhecido pelos frutos de sua vida: "Por seus frutos os conhecereis" (Mateus 7:16), "Produzam, pois, frutos dignos de arrependimento" (Lucas 3:8), “Não é o que piedosamente diz "Senhor, Senhor" que entrará no Reino, mas o que faz a vontade de Deus” (Mateus 7:21)

Fica claro que ninguém pode pretender seguir Jesus Cristo e permanecer inteiramente diferente do Mestre a quem pretende amar, assim as Escrituras demonstram que a nossa profissão de fé é sempre analisada pelo Cristo que exige nossos frutos. 

Percebamos que essa figueira sem frutos atraiu a atenção de Jesus, ele a viu de longe porque as demais ainda não tinham folhas, ou seja, não prometiam nada. A folhagem bonita e destacada pareceu garantir que a árvore era frutífera e fez Jesus se aproximar, mas para não encontrar nada senão folhas. 

Alguém poderia perguntar: será que a árvore já não poderia ter sido colhida? 

Para deixar clara a avaliação de que a árvore era infrutífera, Marcos acrescenta intencionalmente: Porque não era tempo de figos, explicando que Jesus sabia que as épocas regulares de colheita obviamente eram maio e junho e agosto até outubro. Porém, procurava na época da Páscoa os figos do inverno que se podia esperar em uma figueira com muitas folhas. 

Assim como essa figueira fez propaganda daquilo que não tinha, corremos o risco de parecer muito superiores em comparação com as pessoas ao nosso redor, mas tudo ser apenas fachada ou aparência, isto é, quando alguém se aproximar para receber aquilo que temos a oferecer, só encontrar folhas que aparentam algo. 

Essa árvore era a única que estava em destaque, ela representa aqueles que sem nenhuma modéstia gritam nas esquinas e anunciam frutos que não possuem, mas uma investigação simples do Cristo, que investigou a nação de Israel no templo, nos rituais, nos seus corações, revelará a falta da prática daquilo que se confessa. 

Em outras palavras, Ele ainda sonda os corações e tem o direito de procurar frutos em nossa vida. Tem porque não se contenta com folhas, mas apenas com frutos, não se satisfaz com aparência, mas quer vida. 

A religião judaica cultuava a aparência, isto é, como a figueira que ostentava as suas folhas visando à boa impressão, ela se comportava apenas para adquirir o bom conceito alheio, mas ambas não tinham a oferecer o que sua exterioridade propunha. 

Assim como em uma árvore frutífera, nossas produções são mais importantes que nosso aspecto, portanto, nossa apresentação deve, no máximo, apontar para aquilo que devemos oferecer. 

É Apenas no Evangelho que podemos ser visitados pelo Cristo que exige frutos sem nos preocuparmos com as aparências. 

Soli Deo Glória!

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